terça-feira, 12 de abril de 2016

Dilma chama Temer e Cunha de 'chefes conspiradores' em discurso no Planalto

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) é o "chefe conspirador" contra o governo, e Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, é o "vice-chefe". O ataque partiu da presidente Dilma Rousseff na manhã desta terça-feira (12), em discurso feito em uma cerimônia oficial.
 Foi a primeira manifestação pública de Dilma após o suposto vazamento de um discurso feito por Temer em que ele fala como se o impeachment da presidente já tivesse sido aprovado. A declaração ocorreu durante um evento que reuniu políticos, estudantes e educadores em apoio à presidente no Palácio do Planalto. 
Na gravação, divulgada na última segunda-feira (11) e que, segundo a assessoria do vice-presidente, tinha caráter privado e experimental, Temer fala como se fosse presidente. A presidente Dilma criticou o que chamou de "ação premeditada", "farsa" e "traição".
 "Nós vivemos tempos estranhos e preocupantes. Tempos de golpe, de farsa e de traição", disse a presidente. "O gesto (o vazamento), que revela traição a mim e à democracia, ainda explicita que esse chefe conspirador também não tem compromisso com o povo", afirmou.
"Ontem, utilizaram a farsa do vazamento para difundir a ordem unida da conspiração. Agora, conspiram abertamente à luz do dia para desestabilizar uma presidenta legitimamente eleita", afirmou. "Ontem, ficou claro que existem, sim, dois chefes do golpe que agem em conjunto e de forma premeditada. Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e confesso que fiquei chocada com a desfaçatez da farsa do vazamento que foi deliberado, premeditado, vazando para eles mesmos. Estranho vazamento", completou ela, sem citar os nomes de Temer e Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Wilton Junior-11.abr.2016/Estadão Conteúdo
O vice-presidente Michel Temer
Há cerca de duas semanas, Temer comandou a debandada do PMDB do governo Dilma. Desde então, vem travando disputas nos bastidores pela queda da presidente. Se ela sofrer o impeachment, será justamente Temer quem será o novo presidente do Brasil.
O discurso de Dilma antecede a votação na Câmara dos Deputados sobre o impeachment. No domingo, a Câmara deve decidir se a presidente será afastada do cargo ou não. Para isso, serão necessários 342 votos a favor da saída (de um total de 513).
"Esse não será o país do ódio. Definitivamente, esse não sera o país do ódio", afirmou a presidente.
Dilma voltou a dizer que o impeachment é ilegítimo por não haver, segundo ela, crime de responsabilidade. "O impeachment não vai passar", afirmou. "O golpe é sobretudo contra o projeto que eu represento. É contra tudo aquilo que nos últimos 13 anos que o meu governo e o governo do presidente Lula têm feito com o apoio do povo e com o trabalho incansável dos movimentos sociais e de todos os brasileiros e brasileiras que queriam ver um Brasil maior, mais forte, mais igual em suas oportunidades."
Blog do Planalto/Twitter
Dilma abraça a estudante Suzane Pereira da Silva durante evento no Planalto do Palácio

Temer e Cunha

Por telefone, a assessoria de imprensa de Temer afirmou que ele não assistiu ao pronunciamento de Dilma e que, no momento, não deverá se manifestar sobre o assunto.
Também por telefone, a assessoria de imprensa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, informou que ele poderá se manifestar sobre as declarações da presidente ao longo da tarde desta terça-feira.

Ministro e convidadosNo evento, os convidados, como esperado, defenderam o governo, inclusive o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (PMDB, partido que debandou da aliança com o PT há duas semanas).

"Vamos encerrar o terceiro turno das eleições de 2014 no domingo. E vamos ganhar de novo. Vamos ganhar de novo. E espero que respeitem. Espero que dessa vez respeitem o resultado. Esse país precisa trabalhar", afirmou o ministro, que vai se licenciar do cargo para votar no domingo contra o impeachment.
"A história da humanidade está cheia de tribunais falsificados que acabam dando resultados falsos e antiéticos. No caso presente a coisa ainda é pior porque não há nenhuma legitimidade em um tribunal constituído por pessoas criminalizadas e dirigido por um fora da lei", disse o professor doutor e pesquisador Emérito da CNPq Rogério Cerqueira Leite.
"[O povo] Não se sente representado por Bolsonaro, por Eduardo Cunha, por Michel Temer. Aqueles que perderam as eleições vão precisar aceitar o resultado das urnas porque a juventude brasileira não é representada por esses cidadãos", afirmou a presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carine Vitral.
A estudante de medicina Suzane Pereira da Silva também discursou e ganhou um abraço da presidente ao falar contra o preconceito.

Áudio de Temer

Na segunda à noite, o Palácio do Planalto e o PT já duvidavam que a divulgação do áudio em que o vice fala como se a abertura do processo de impeachment já tivesse sido aprovada pela Câmara foi acidental. Os petistas compararam o caso a outros erros políticos protagonizados pelo peemedebista, como o vazamento da carta endereçada à Dilma em dezembro do ano passado e a decisão de não prorrogar a saída do PMDB do governo, em março deste ano.
Auxiliares de Dilma e dirigentes do PT avaliaram, ainda na segunda, que a divulgação do áudio foi uma tentativa "desesperada" do vice de se viabilizar como alternativa à Dilma diante da opinião pública na reta final da votação do impeachment. Para o grupo do vice, o "pronunciamento" serviu para se esclarecer algumas dúvidas sobre um possível "governo Temer".
http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/04/12/dilma-encontro-da-educacao.htm

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