quarta-feira, 27 de abril de 2016

'Meu técnico é o caminhão': o lixeiro que venceu quenianos na S. Silvestre

  • Damasco Filmes
    Ivanildo Dias de Souza trabalha na limpeza urbana e também é corredor
    Ivanildo Dias de Souza trabalha na limpeza urbana e também é corredor
Ivanildo Dias de Souza, de 36 anos, não falha na Brigadeiro. É o que ele mesmo diz, com orgulho, quando se lembra da avenida (Brigadeiro Luís Antonio, travessa da Av. Paulista) e sua ladeira de cerca de 2,5 km, trecho temido do percurso da Corrida Internacional de São Silvestre, que encerra todos os anos em São Paulo.
Em 31 de dezembro, Ivanildo chegou na 25ª posição na prova mais tradicional da América do Sul. Tem deixado muitos quenianos para trás.
O atleta de elite, porém, tem um programa de treinamento único.
Seu dia começa às 8h, quando se levanta e deixa a casa que ele mesmo construiu em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Pedala até o Parque Ecológico do Tietê, onde corre 20 km. Volta às 13h, dorme das 14h às 17h e vai de bicicleta até o trabalho, onde chega às 17h40.
Damasco Filmes
Às 18h10, bate ponto e segue para as ruas, já com seu uniforme de coletor de lixo. Retorna à base por volta das 3h, chega em casa às 3h40, dorme das 4h às 8h e sai para mais uma rotina de exercícios – desta vez composta por "tiros", corridas de velocidade em um parque da Armênia, na região central da cidade, cujo nome ele não lembra.
"Já são 11 anos dormindo picado. E, quando faço treino forte, não consigo pegar no sono, fico meio estressadão, rolando na cama. Se tiver compromisso no dia seguinte, a cabeça não para, é ruim de dormir", explica Ivanildo à BBC Brasil.
"Mas cansado eu não fico, não. A coleta de lixo ajuda muito na força da perna, o caminhão puxa e você vai ou fica. Se não for, os coletores não vão querer você na equipe."
Baiano de Monte Santo, trabalha há 17 anos em empresas desse ramo, 11 deles na atual, a Ecourbis Ambiental.
"O Ivanildo nunca faltou um único dia, nem chegou atrasado", afirma Jonatas Alves Pinto, coordenador operacional. "Muitas vezes tem uma prova no domingo e dizemos para ele descansar no sábado à noite. Mas ele se recusa, trabalha na coleta à noite, participa da prova no dia seguinte... e ganha!", continua.
"Para ele, não tem sábado, domingo ou feriado. É um exemplo para toda a galera", elogia o encarregado de tráfego, Jocinei Sergio Festa.
Maratona diária
No trabalho, ele corre cerca de 10 km diários. Como cada caminhão carrega dez toneladas de lixo, distribuídas por três funcionários, calcula-se que Ivanildo manuseie de três a quatro toneladas – se somados os seis dias de jornada, de segunda a sábado, seriam 18 toneladas.
"Se eu fizesse outro trabalho, como pedreiro, meu tempo de prova seria pior", diz ele. "Corro subida, descida, reta, faço tiro na rampa, treino para o que der e vier."
Os novatos no emprego têm medo de correr com Ivanildo, acham que não vão aguentar o ritmo. Mas acabam se surpreendendo. "A gente ajuda. Correr mesmo é lá na corrida. Aqui é pegar o lixo em equipe e limpar a rua", ameniza.
Todo ano, a empresa faz uma seletiva interna para a Corrida de São Silvestre e paga a inscrição da sua equipe. Os dois coletores mais bem classificados na prova recebem, por dez meses, uma ajuda de custo. Hoje, 17 são atletas amadores que levam o esporte bem a sério.
"Sempre que posso, eu oriento. Já teve coletor que, depois que começou a correr, parou de beber", diz Ivanildo.
Ele teve que lutar muito para entrar no pelotão de elite da São Silvestre. Dez anos atrás, só ficava entre os 400 primeiros. Mas, após três anos de trabalho duro, conseguiu.
O atleta conta que um representante da prova, "um velhinho de mais de 90 anos de idade", disse que os tempos alcançados por Ivanildo não eram para qualquer um e perguntou o que rapaz fazia. "Sou coletor de lixo", respondeu. "Quem é o seu treinador?" – quis saber o senhor. "Olha, por enquanto é o caminhão", respondeu, aos risos.
Pensou em parar
Ivanildo é um atleta profissional. Além das boas classificações na São Silvestre (foi ainda o 21º em 2014; 25º em 2013; 27º em 2012; 29º em 2011), ostenta uma série de outros resultados expressivos.
Venceu duas vezes a Meia Maratona Cidade de São Bernardo do Campo e o Troféu Independência do Brasil, na capital paulista, também por duas vezes. A lista é imensa. A última prova foi em 3 de abril: chegou em segundo no Track&Field Run Series Shopping Anália Franco.
Ele já correu por clubes tradicionais, como o Esperia e o São Paulo, mas reclama da falta de apoio. No ano passado, pensou em parar: venderia a casa, voltaria para Monte Santo e trabalharia na roça.
Mas, antes da São Silvestre 2015, soube de uma prova que reuniria 300 coletores de todo o Brasil. Foi a Belo Horizonte e venceu a 1ª Corrida Sindeac de Garis, organizada por um sindicato mineiro de empregados em edifícios e condomínios. Ganhou uma moto, ficou feliz e desistiu de abandonar as corridas.
Dias depois, sua mãe ficou doente, com suspeita de dengue ou chikungunya. Ele foi a Monte Santo e tentou transferi-la para Feira de Santana ou Salvador, mas foi desaconselhado pelos médicos. Quis vender a moto para pagar um convênio e salvar dona Josefa, que criara os cinco filhos "no cabo da enxada".
Mas não havia o que fazer. Ela morreu, aos 65 anos.
'Prefiro coletar lixo'
Hoje, Ivanildo recebe uma ajuda de custo da empresa e um apoio do Shopping Metrô Itaquera. Entre outras atividades, tem participado do Projeto SP Cidade Gentil, cujas imagens, produzidas pela Damasco Filmes, foram editadas e cedidas para esta reportagem.
"Prefiro ficar na coleta de lixo, que valoriza a gente. Para mim, não tem diferença ser o trabalhador da coleta ou o atleta de competição. Todo mês tem o meu dinheiro lá. Eu tenho tudo, meu carro, minha casa, minha moto por causa da coleta de lixo. Se for para virar noite e dia, a gente joga para cima".
"Virar noite e dia", aliás, é praticamente uma expressão literal.
"Na véspera (da corrida), eu não durmo, fico só deitado. A prova é às 8h. Mas tenho que chegar mais cedo para o aquecimento de 20 minutos. Levanto às 4h30 e chego lá às 7h."
Tamanho sacrifício poderia ser evitado se Ivanildo se dedicasse integralmente ao atletismo. Talvez ele chegasse mais longe. O índice mínimo para os Jogos Olímpicos do Rio, na prova dos 10 mil metros, é de 28 minutos no masculino. Ivanildo já cravou 29 minutos e 29 segundos na Corrida Aniversário de São José dos Campos, em 2008.
Seria possível tirar essa diferença com uma rotina mais leve e uma preparação melhor? Ivanildo acha que sim. "Um atleta olímpico treina dois períodos, de manhã cedo e à tarde. Depois vai para casa e dorme, descansa", diz ele, que ressalta a necessidade de uma alimentação especial.
Mas esse também não é o seu caso. Ele come mesmo é feijão, arroz, salada e frango. "Café da manhã tomo à tarde, quando vou para a empresa. E sem pão". Carne vermelha, duas vezes por semana, "porque pesa um pouco". E toma um suplemento vitamínico para atletas de elite. "Não fico doente."
Uma de suas alegrias, já há dez anos, é patrocinar uma corrida que leva o seu nome e premia cerca de cem crianças, adolescentes, homens e mulheres de sua querida Monte Santo. "São pessoas que vivem da roça, da enxada", diz, com brilho nos olhos.
"Eu mesmo vim de uma vida difícil. Vou correr até morrer."

terça-feira, 26 de abril de 2016

CRÔNICA DE MARC SOUZA - Moro Num país tropical, abençoado por Deus... mas os políticos...




Diz a lenda que após terminar o Brasil, um anjo disse a Deus:
- Senhor – dizia ele – o senhor fizeste na terra um paraíso.
- Paraíso? Que nada! Espere para ver os políticos que eu vou colocar lá, aí a gente conversa.
Como diria meu amigo, isto não é uma lenda, isto é um fato “venéreo”, ou melhor, verídico. A mais pura verdade.
Ô lugar! Ô lugar!
Como dizia Bezerra da Silva: “Se gritar: Pega ladrão! Não fica um, meu irmão.
É o sujo julgando o mal lavado. Na política brasileira quem julga tem a ficha mais suja do que quem é julgado.

E tem mais... No país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza a presidente pede para os países da América Latina punirem o Brasil por causa de uma tentativa de golpe que só ela e vê. Bolívia, Venezuela e Cuba (exemplos democráticos) já se propuseram a ajudar.
Na verdade esta presidente não passa de secretária do verdadeiro mandachuva do país que está sendo governado de um hotel cinco estrelas localizado na Capital Federal.
É mole! Ainda tem gente que diz que o fato descrito acima não passa de lenda.
Lenda?

O país esta zoado, bagunçado. A nau está a deriva. Portugal já mandou avisar que não quer nem saber, eles só descobriram o país. Quem fez esta m#$% foram os brasileiros.
Aliás, já afirmaram, se pudessem, devolveriam o Brasil para os índios e ainda pediriam desculpas.

Fui!!! Vamos ver no que vai dar tudo isso aí... Coisa boa é quem não vai ser, afinal, a política brasileira é igual bumbum de neném, ninguém sabe como e o quê vai sair.


Marc Souza

domingo, 24 de abril de 2016

HISTÓRIAS DO MARC SOUZA - Uma breve história de amor (ou não)


Uma breve história de amor (ou não)

Por entre as gôndolas do supermercado ele percebe uma figura familiar. De repente, sente seu corpo gelar, e seus batimentos cardíacos aumentarem. Por um instante, fica imóvel. Incapaz de qualquer movimento. Incapaz de qualquer ato, mesmo o mais simples. Mesmo o mais discreto. Não consegue sair do lugar. Afinal, esta é a primeira vez que a vê após a separação. “Três meses” - pensa ele – “Três meses e ela continua linda. Maravilhosa”.
         Aos poucos a sensação desconfortante vai desaparecendo e os seus sentidos retornando. Então ele começa a segui-la com os olhos. A distancia. “Agora ela vai pegar o brócolis” – pensa – “Bingo”. “Ela não mudou em nada. Continua a mesma natureba de sempre”. Sorri. Ainda a conhece muito bem.
         Por entre as gôndolas, analisando cada passo da sua ex companheira ele se lembra dos tempos em que viveram juntos. E da falta que ela lhe fazia. Ele ainda a amava. De longe percebeu que pelas quantidades de produtos que ela estava comprando, ainda estava sozinha. Talvez ainda gostasse dele.
         De repente foi acometido por uma vontade louca de ir até ela e dizer que lhe amava. Dizer que ela era a mulher da sua vida. “Eu te amo” – pensou – “Te amo para todo o sempre”.
         Ela se vira para ele, mas finge não vê-lo. Continua a fazer suas compras, agora, mais devagar. Sente que ele a olha e começa a olhá-lo também discretamente. Nota quando ele percebe que ela o viu e passa a fazer suas compras.
         Por entre as gôndolas do mercado, ela o observa. Acompanha-o com os olhos. “Nada mudou” – pensa – “Ele continua o mesmo”. “Os mesmos gostos, os mesmos modos”. “Será que ele ainda me ama, como eu o amo?”
         Pensa em ir até ele. Perguntar como ele está. Mas  não consegue. Algo a deixa imóvel. Paralisada. O que ela mais quer neste momento é ir ao seu encontro. Abraçá-lo. Beijá-lo. Dizer que o ama. Dizer que ele é o homem da sua vida.
         Encontram-se no caixa. Estão lado a lado. Depois de meses de separação, lá estão eles, lado a lado, pela primeira vez.
Suas vidas novamente se cruzam. O destino novamente os une.
Olhando um nos olhos do outro dizem simultaneamente:
- Oi!!!!
E se vão, cada um para o seu lado. Cada um para o seu caminho.

           Marc Souza

sábado, 23 de abril de 2016

Dilma diz em NY que pode recorrer à cláusula democrática do Mercosul

A presidente Dilma Rousseff denunciou como "golpe" o processo de impeachment de que é alvo no Congresso Nacional para uma audiência de jornalistas estrangeiros, e disse que recorrerá à cláusula democrática do Mercosul caso a ordem democrática no país seja rompida.
"Eu alegarei a cláusula inexoravelmente se caracterizar de fato, a partir de agora, uma ruptura do que eu considero um processo democrático", disse a presidente a jornalistas em Nova York.
"Agora, quando isso ocorrerá, depende de fatos que eu não controlo", acrescentou.
O Mercosul tem uma cláusula democrática que pode ser invocada quando um governo eleito é destituído em qualquer um dos países-membros, como aconteceu recentemente no Paraguai. Os comentários de Dilma são sinal mais forte de que ela continuará a lutar contra o impeachment mesmo que o Senado determine seu afastamento.
Em uma tentativa de obter apoio internacional para sua narrativa política, Dilma disse que o pedido de impeachment contra ela tem "todas as características de um golpe", porque não tem base legal. Dilma é acusada de ter desrespeitado a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A presidente pode ser afastada do cargo pelo Senado em semanas em um processo de impeachment que paralisou seu governo e colocou o Brasil em sua mais profunda crise política desde o fim do regime militar em 1985.
Ela sofreu uma esmagadora derrota no último domingo quando a Câmara dos Deputados votou favoravelmente à abertura do processo de impeachment, praticamente garantindo que a petista será afastada pelo Senado.
O impeachment polarizou o país, com os simpatizantes de Dilma classificando a tentativa de depô-la como um "golpe sem armas", enquanto a oposição e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmam que o processo tem seguido as leis e a Constituição.
Mais cedo, em discurso durante evento da Organização das Nações Unidas (ONU) para assinatura do acordo sobre mudanças climáticas fechado em Paris, Dilma adotou tom mais ameno e evitou usar a palavra "golpe".
"Quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocessos", disse ela na ONU.

Extinção de dinossauros começou milhões de anos antes de queda de asteroide

  • Reprodução
Um estudo feito por cientistas das universidades de Reading e de Bristol, ambas na Inglaterra, e publicado na revista científica da Academia Americana de Ciências (PNAS), sugere que a extinção dos dinossauros começou 40 milhões de anos antes do impacto do asteroide Chicxulub, no México.
Apesar de inúmeros cientistas argumentarem que os dinossauros se extinguiram devido ao impacto de um grande asteroide sobre a Terra há 66 milhões de anos, o novo estudo afirma que os dinossauros sofreram um declínio gradual.
Analisando três grandes conjuntos de dados de dinossauros, o cientista Chris Venditti e colegas estudaram o comportamento desses animais antes do impacto do asteroide. 
Segundo os cientistas, os dinossauros perderam gradualmente a capacidade de substituir espécies extintas por novas, o que pode ter favorecido o surgimento de outros animais.

Mais extintos que novos

Os dados revelaram que as taxas de extinção de espécies de dinossauros superavam as de criação de novos animais. Segundo o estudo, esse fenômeno começou quase 24 milhões de anos antes do impacto do asteroide.
O que provou a dificuldade da espécie formar outra ou se dividir em duas ainda é um mistério, mas os especialistas acreditam que fenômenos ecológicos como a erupção de vulcões e a separação dos continentes possam ter influenciado nessa mudança.
O estudo também revelou um aumento no nível do mar durante este período, reforçando a hipótese de que isso poderia provocar uma fragmentação do habitat, deixando alguns animais isolados e reduzindo a capacidade de reprodução.

Força-tarefa da Lava Jato avalia ter indícios para denunciar Lula no caso do sítio de Atibaia

  • Jefferson Coppola/Revista Veja
    O sítio em Atibaia, frequentado por Lula e familiares
    O sítio em Atibaia, frequentado por Lula e familiares
São Paulo - A força-tarefa da Operação Lava Jato considera ter elementos para levar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao banco dos réus, acusado de envolvimento com a organização criminosa que corrompeu e lavou dinheiro desviado da Petrobras - independente de qual instância ele será processado. O inquérito sobre a compra e reforma do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), será a primeira acusação formal entregue à Justiça.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá ainda se Lula pode assumir o cargo de ministro da Casa Civil e se ele será denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR), considerando o direito ao foro especial por prerrogativa de função, ou se as acusações poderão ser apresentadas pela Procuradoria, em Curitiba, diretamente ao juiz federal Sérgio Moro - dos processos em primeiro grau da Lava Jato.
Alvo em Curitiba de três frentes de apuração na Lava Jato - as outras duas envolvem o tríplex 164 A, da OAS, no Guarujá, e os pagamentos e repasses para o ex-presidente via sua empresa de palestras, a LILS, e para o Instituto Lula -, a que envolve o sítio de Atibaia é a mais robusta, na avaliação dos investigadores. Os inquéritos estão suspensos depois que ele foi nomeado ministro da Casa Civil pela presidente Dilma Rousseff, no dia 17, e o tema foi levado ao Supremo.
A peça apontará a família do ex-prefeito de Campinas (SP) e amigo de Lula Jacó Bittar (PT) como "laranjas" na ocultação da propriedade, adquirida em 2010 pelo valor declarado de R$ 1,5 milhão. Os registros de escritura em nome dos donos oficiais, um "contrato de gaveta" em nome do ex-presidente e da mulher, Marisa Letícia, encontrado nas buscas e depoimentos dos investigados farão parte da acusação.
O compadre e defensor jurídico do ex-presidente Roberto Teixeira também será citado como parte da operação de formalização do negócio. Oficialmente a propriedade está registrada em nome de um dos filhos de Bittar, Fernando Bittar, e do empresário Jonas Suassuna - ambos sócios do filho de Lula. O registro de compra do imóvel foi realizado pelo escritório de Teixeira.
Com base nas notas fiscais localizadas nas buscas e apreensões, depoimentos colhidos e movimentações bancárias analisadas, a Lava Jato também vinculará os desvios de recursos na Petrobras à reforma executada no sítio e a manutenção de bens referentes a Lula. OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai serão vinculados aos serviços executados, como compensação por obras loteadas pelo cartel.
Em documento enviado ao STF, a defesa de Lula sustenta que o sítio foi comprado pelo amigo Jacó Bittar para convívio das duas famílias, após ele deixar a presidência, em 2011.
Ao Estadão, o defensor de Lula Cristiano Zanin Martins informou que o "MPF tem conhecimento, em virtude de provas documentais, de que o sítio foi comprado com recursos provenientes de Jacó Bittar e de seu sócio Jonas Suassuna; (ii) que Fernando Bittar e Jonas Suassuna custearam, com seu próprio patrimônio, reformas e melhorias no imóvel; (iii) que Fernando Bittar e sua família frequentaram o sítio com a mesma intensidade dos membros da família do ex-Presidente Lula, estes últimos na condição de convidados".

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Só idosos têm AVC? Sequela é para sempre? O que você sabe sobre a doença?

Durante uma visita ao Brasil, o pai do cantor Michael Jackson sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico associado a um quadro de arritmia cardíaca. Joe Jackson ficou internado durante oito dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
O empresário norte-americano foi vítima do tipo mais comum de AVC, que é quando uma artéria do cérebro entope. O outro tipo é o hemorrágico, conhecido como derrame, que é quando um vaso se rompe e extravasa sangue para o cérebro. De acordo com a coordenadora do Departamento Científico de Doenças Cerebrovasculares, Neurologia Intervencionista e Terapia Intensiva em Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Gisele Sampaio Silva, quando o paciente chega a uma unidade hospitalar dentro de 4h30 é possível tratá-lo com um medicamento chamado trombolítico, no caso do isquêmico, que desfaz o coágulo e normaliza o fluxo sanguíneo até o cérebro. Caso isto seja possível, a chance de se ter uma sequela diminui consideravelmente.
"Se o tratamento for feito de maneira rápida, se a artéria foi recanalizada rapidamente, o paciente pode sair totalmente sem sequelas", diz a especialista.
Existem também os pequenos AVCs, chamados de lacuna, que podem ocorrer várias vezes sem que a pessoa perceba, explica o neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz Leandro Gama.
Este tipo da doença, a longo prazo, pode afetar a memória do paciente. O grande problema, segundo o especialista, é que as pessoas não se atentam aos sintomas e perdem tempo para iniciar o tratamento."Os cinco principais sinais de que se está tendo um AVC são fraqueza de um lado do corpo, dormência de um lado do corpo, perda de visão súbita, dificuldade para falar e, por último, uma forte tontura".

Idosos

A doença não afeta exclusivamente pessoas idosas, apesar de ser mais comum em quem tem acima de 55 anos.
"Quando a gente fala em AVC em jovem, nós também apontamos casos em pessoas abaixo dos 55 anos. O fator mais comum em crianças são doenças genéticas. Já nos jovens, é a dissecção das artérias do pescoço, que é quando há uma lesão na parede do vaso que leva o sangue ao cérebro. Esta lesão pode ocorrer por causa de um trauma, por exemplo, como a batida de um carro", diz Gama.
Entretanto, segundo Gama, os jovens possuem uma maior neuroplasticidade no cérebro, que faz com que outros neurônios cubram a função dos que morreram durante o AVC, fazendo com que o paciente se recupere em até 100%.
Segundo os especialistas, a melhor forma de se combater um AVC é a prevenção. Uma boa dieta, associada com exercícios físicos, o controle da pressão arterial, do diabetes, do colesterol e do triglicerídeo diminuem as chances de o indivíduo ter a doença. "Toda vez que a gente fala em uma prevenção, falamos tanto da primária, que é para o indivíduo nunca ter a doença, e da secundária, que é o paciente que já teve o AVC e que deve se prevenir para não ter outro", afirma Gama.

Todas as doenças podem ser tratadas com homeopatia? Veja mitos e verdades

Ame-a ou deixe-a. Este é o sentimento que a homeopatia causa tanto em especialistas quanto em pacientes. Reconhecida desde 1980 pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM 1000/80), a especialidade médica já é aplicada na rede pública de saúde desde 2006, mas aparece, geralmente, como matéria optativa em poucas universidades brasileiras, como a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
O tipo e a gravidade da doença limitam o uso da homeopatia, sendo mais indicada para um tratamento complementar e coadjuvante, já que os efeitos colaterais são muito baixos, quando o medicamento é bem prescrito. "O grande papel da homeopatia é junto a doenças crônicas, como alergias e enxaqueca. Na homeopatia, a gente [médicos] consegue modular os aspectos emocionais, que não são tarjados como doenças, mas que interferem na manifestação das doenças, como nas alergias", diz o médico e pesquisador homeopata, pós-doutorando da FMUSP Marcus Zulian Teixeira.
Criada em 1796 pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843), a homeopatia é fundamentada no princípio dos semelhantes, isto é, o tratamento da homeopatia, tanto para sintomas físicos quanto para psicológicos, é feito por meio de substâncias que causam sintomas "semelhantes" aos da doença que será tratada e estimulam o organismo a reagir contra a enfermidade.
Estas substâncias provocam uma série de sintomas físicos e mentais no paciente, por isso, segundo Teixeira, o médico precisa ter o conhecimento dos sinais e sintomas objetivos e subjetivos do paciente, a fim de encontrar um medicamento individualizado e que leve em consideração a totalidade de sintomas.

Resultado um pouco superior ao placebo

Um estudo inédito de 2014 publicado na revista "Systematic Reviews" analisou o resultado das cinco últimas revisões de ensaios clínicos sobre a eficácia da homeopatia, ao todo foram 32 estudos sobre 24 doenças. Quatro revisões chegaram à conclusão de que a homeopatia tem um pequeno e específico efeito que difere do placebo (aqueles comprimidos sem efeito medicinal dados a pacientes para analisar a eficiência do remédio). E a mais recente revisão concluiu que as evidências não indicam compatibilidade forte entre os medicamentos homeopatas e placebos. 
As pesquisas foram feitas tanto com homeopatia individualizada, quanto com a geral. Entretanto, pesquisadores destacam que os benefícios da homeopatia se dão na medicina personalizada, no remédio feito seguindo as características de cada pessoa, e não em um igual para todo mundo (que pode ser comprado na farmácia sem receita). E essa é a tendência também para a medicina alopática: buscar tratamentos personalizados, como dietas e remédios feitos para cada paciente, inclusive com remédios genéticos, criados para agir no DNA. Assim, na homeopatia ou na alopatia, o medicamento feito sob medida deve ter melhores resultados.

2016 Descubra como é feita cachaça, a bebida mais brasileira que existe


Destilado mais consumido no País, a pinga surgiu há cinco séculos e hoje movimenta um mercado bilionárioPor Guilherme Moraes
Pinga, cana, branquinha, “água que passarinho não bebe”, “marvada” e por aí vai. A quantidade de nomes pelos quais a cachaça é conhecida é tão grande quanto sua história, que remonta aos primeiros anos da colonização portuguesa no Brasil. Passados cinco séculos, hoje ela é a segunda bebida alcoólica mais consumida no País, atrás apenas da cerveja, e conta com milhares de produtores no País. Seu processo de fabricação é simples, mas exige muitos cuidados.

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Lavoura de cana-de-açúcar
1 – Colhendo a matéria-prima
O processo de produção não difere da maioria dos destilados, passando por fermentação, destilação e eventualmente envelhecimento. Mas, primeiro, é preciso colher sua matéria-prima: a cana-de-açúcar. Tudo começa com o cultivo, por um ano, da cana-de-açúcar. O corte normalmente é manual, já que a planta não pode ser queimada ou vir com muitas folhas, como acontece na colheita mecanizada.


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Moagem da cana
2 – Moagem
O segundo passo é a moagem da cana, que extrai da matéria-prima um suco fresco, de cor amarelo-esverdeada, conhecido em algumas regiões do Brasil como garapa. É esse suco que diferencia a cachaça de outros destilados da cana-de-açúcar que, como o rum, são feitos a partir do melaço. “Nessa etapa, é importante filtrar o caldo da cana para retirar os bagaços e outras impurezas. Também é preciso controlar a quantidade de açúcar acrescentando água, porque se o caldo estiver muito doce a levedura não se desenvolve”, explica Alexandre Bertin, dono da Cachaça Sapucaia, fundada em 1933 na cidade de Pindamonhagaba, no interior de São Paulo.

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Fermentação
3 – Fermentação    
O passo seguinte é a fermentação. O caldo extraído da cana é levado para descansar e passa pelo processo de fermentação natural, com a ação de leveduras. Esse processo dura, em média, de 24 a 36 horas, mas pode ser acelerado com catalisadores.



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Destilação da cachaça
4 – Destilação
Por fim, o líquido é destilado, sendo que há duas formas de se fazer isso. Com a produção artesanal, a cachaça é destilada em um alambique, uma espécie de panela de pressão gigante. No método industrial de produção da cachaça, são utilizadas colunas de destilação. Nesse processo, o caldo é aquecido até virar vapor, que por sua vez é enviado a uma serpentina resfriada que devolve ao composto seu estado líquido.


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Destilação da cachaça
5 – O coração da cachaça
Nem todo o líquido que sai do alambique é próprio para o consumo. A primeira parte do volume destilado, chamada de “cabeça”, é alcoólica demais. A última parte, chamada de “cauda”, tem pouco álcool e é composta basicamente por água. Por isso, ambas as “partes” são descartadas. A bebida é fabricada apenas com a parte do “meio” do processo de destilação, chamada de “coração da cachaça”.


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Envase e envelhecimento da cachaça
6 – Envase ou envelhecimento
O “coração da cachaça” já pode ser engarrafado. A cachaça também pode ser envelhecida em barris de carvalho, amburana ou amendoim, entre outras madeiras – que podem, inclusive, alterar o sabor e coloração do produto. Depois de todo esse processo, é só saborear. Além de pura ou com gelo, açúcar e limão – a popular caipirinha –, a cachaça harmoniza muito bem com muitas frutas, como morango, maracujá e laranja.

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Cachaça combina com frutas
7 – Quem inventou a bebida mais famosa?
A versão mais aceita sobre a invenção da cachaça é de que ela foi fabricada pela primeira vez entre 1516 e 1532 em algum engenho do litoral brasileiro – sendo, dessa forma, o primeiro destilado em toda a América Latina, antes mesmo da tequila mexicana ou do rum caribenho.



Alguns dizem que os responsáveis foram os primeiros portugueses que chegavam para colonizar o País, que, para amenizar a saudade da terra natal, teriam improvisado uma bebida com o que sobrava do caldo de cana. “Apesar de usar uma matéria-prima que veio da Ásia, mas se adaptou muito bem ao nosso litoral, a cachaça tem tudo a ver do Brasil”, diz Felipe Jannuzzi, criador do site “Mapa da Cachaça”, que reúne notícias, dados e curiosidades da bebida. “Seja como aperitivo ou nos drinques, como a popular caipirinha, ela ocupa uma parte muito importante da gastronomia do País. E acho que cada vez mais o brasileiro vai reconhecer e valorizar isso.”

Além de ser considerada um patrimônio cultural brasileiro, hoje a cachaça movimenta um mercado gigantesco. Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), hoje o País conta com 40 mil produtores e cerca de quatro mil marcas da bebida no mercado internacional.

Dados Sistema de Controle da Produção de Bebidas da Receita Federal (Sicobe) mostram que, em 2013, o faturamento do setor alcançou R$ 5,95 bilhões, com a produção de pouco mais de 500 milhões de litros da aguardente. Esses números transformam a “branquinha” no destilado mais consumido no Brasil e o terceiro em todo o mundo.

Na esteira desse sucesso, muitas novas fabricantes têm surgido. Algumas apostam em ingredientes inusitados para valorizar o produto, como a Fazenda Santa Catarina, de Dracena (SP). Em dezembro de 2015, os produtores lançaram uma cachaça com flocos de ouro 23 quilates. As garrafas são vendidas por R$ 180 ou R$ 230 cada e fazem parte de uma série limitada.


Outros novos negócios miram públicos diferentes do perfil tradicional do consumidor da bebida. É o caso da destilaria Destom, de Faria Lemos (MG), que lançou no ano passado a cachaça Spiral. Com forte apelo visual e design minimalista nos rótulos, a empresa mira principalmente os jovens, sobretudo mulheres. “São cachaças especiais, desenvolvidas especialmente para a confecção de drinques e coquetéis”, afirma Pablo Melgaço, diretor executivo da Spiral.

Como escrever em negrito, itálico ou riscar palavras no Whatsapp

  • Divulgação
A última atualização do serviço de mensagens instantâneas Whatsapp traz algumas novidades que farão com que possamos escrever no aplicativo de um modo muito parecido com a maneira que fazemos em um teclado de computador.
Agora, por exemplo, será possível destacar algumas palavras em uma frase escrevendo-as em negrito. Outra novidade é a possibilidade de usar palavras em itálico em uma conversa.
Mas ao contrário dos teclados de computador, que precisam de apenas uma tecla para isso, no Whatsapp será preciso utilizar um código.
O procedimento é simples: Para escrever palavras em negrito, basta colocá-las entre asteriscos. Por exemplo, *BBC Brasil*.
Para usar itálico, é preciso deixar as palavras entre sinais de underline: _palavra_.
Se quiser fazer uso dos dois recursos ao mesmo tempo, basta colocar a palavra entre asteriscos e sinais de underline: *_palavra_*.
Na nova versão, ainda é possível riscar palavras. Para isso, o truque é escrevê-la entre tils: ~bbcbrasil~.
As mudanças estão disponíveis na versão 2.12.17, ou mais recente, no sistema iOS e a partir da versão 2.12.560 no Android.
Para que o remetente da mensagem consiga visualizar o negrito, o itálico ou a palavra riscada, no entanto, é preciso que ele tenha as versões atualizadas do Whatsapp.
Além dessas novidades, o aplicativo agora permite também o envio de documentos, algo que outros serviços de mensagens instantâneas já ofereciam.

Estudo comprova que vírus zika tem preferência por células-tronco neurais

São Paulo - O vírus da zika tem preferência por infectar células-tronco neurais e a extensão dos danos provocados nessas células é diferente dependendo do momento da infecção. A conclusão é de um estudo realizado por cientistas da Universidade Jonhs Hopkins, nos Estados Unidos, e publicado nesta sexta-feira, 22, na revista científica Cell.

Para realizar o estudo, os cientistas utilizaram organoides cerebrais - popularmente conhecidos como minicérebros -, que mostram em três dimensões como o vírus afeta as células cerebrais.

A técnica de organoides cerebrais vem sendo usada por cientistas brasileiros, liderados pelo pesquisador Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). Em estudo publicado no início de abril na revista Science, eles usaram os minicérebros para concluir que o vírus zika de fato tem capacidade para infectar e matar células cerebrais humanas.

Os organoides são estruturas de tecido cerebral cultivadas em laboratório para mimetizar o órgão em formação. Embora sejam usados há alguns anos, os minicérebros têm uso limitado pelo alto custo e protocolos complexos.

O grupo da Johns Hopkins, liderado por Guo-li Ming e Hongjun Song, produziu uma versão de baixo custo que utiliza uma impressora 3D para fazer o equipamento - chamado de biorreator - que cultiva os minicérebros.

Segundo os autores, os biorreatores e os minicérebros produzidos por eles poderão abrir um novo caminho para o estudo do desenvolvimento cerebral humano, de distúrbios cerebrais e para o teste de novas drogas. "Quando surgiu a crise da zika, nós vimos que tínhamos o sistema perfeito para estudar os impactos do vírus. Já estávamos trabalhando nisso há três anos", disse Song.

Com os biorreatores, os cientistas produziram organoides de três regiões específicas do cérebro: prosencéfalo, mesencéfalo e hipotálamo. Os minicérebros cresceram e sobreviveram por 100 dias. Esse intervalo de tempo permitiu que os cientistas introduzissem a infecção por zika durante diferentes estágios do crescimento, simulando diversos períodos de seu desenvolvimento durante uma gravidez.

Os experimentos 3D confirmaram os resultados de vários outros trabalhos anteriores que já indicavam a preferência do vírus zika por infectar células-tronco neurais e reforçaram os dados clínicos indicando que o desenvolvimento de cérebro é mais vulnerável durante o primeiro trimestre da gravidez.

"Os organoides são muito menores e não geram neurônios de forma eficiente quando são infectados pelo vírus zika. Nos estágios posteriores, ainda se observa uma preferência por infectar as células-tronco neurais, embora os demais neurônios também sofram alguma infecção. A morte celular e a redução da proliferação dos neurônios é consistente com o que vimos nos estudos anteriores", disse Ming.
Fábio de Castro

Clique Ciência: Por que temos pesadelos?

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Você foge de monstros, é enterrado vivo, cai de um prédio, tenta gritar e não consegue. Por fim, acorda com o coração disparado, com uma sensação de angústia, assustado e então percebe que tudo não passou de um (terrível) pesadelo.
Os pesadelos nada mais são do que sonhos ruins que despertam sensações de medo, angústia, tristeza e raiva. Pelo menos metade da população mundial tem esse tipo de sonho esporadicamente e entre 2% a 8% dos adultos sofrem com pesadelos frequentes.
Assim como os sonhos, os pesadelos costumam acontecer durante a fase mais profunda do sono, conhecida como REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos). Esse estágio dura, em média, meia hora e pode se repetir até seis vezes por noite.
Isso significa que podemos ter até seis sonhos (ou pesadelos) em uma única noite? Sim, podemos. No entanto, não é fácil lembrar todos eles ao amanhecer. Só nos lembramos dos sonhos se, durante o ciclo, despertarmos logo após eles acontecerem. Como os pesadelos trazem uma carga emocional muito grande é muito comum acordamos assim que ele termina. Consequentemente, são mais fáceis de lembrar.

O que causa o pesadelo?

As razões pelas quais os pesadelos acontecem ainda não são claras, mas há algumas possibilidades. Uma delas é que, assim como os sonhos, eles podem refletir situações que não conseguimos lidar muito bem diariamente. Estresse, ansiedade, rotina de sono irregular, uso de medicamentos antidepressivos e para hipertensão podem aumentar o risco de ter pesadelos.
Pessoas que sofreram algum tipo de trauma recente, como acidentes, assalto, estupro, morte de uma pessoa querida, tendem a ter sonhos ruins cuja temática esteja, de alguma maneira, ligada ao estresse a que foram submetidos. É como se o cérebro avisasse que elas precisam passar por todo o trauma de novo até superar seu medo.
Problemas físicos ou desconfortos durante o sono também podem causar pesadelos. Quem sofre de apneia, por exemplo, pode incorporar a sensação de falta de ar no sonho. Sabe aquela velha frase "não dorme de barriga cheia que você terá pesadelo"? Pois bem, se a alguma coisa não caiu bem ou se o alimento está dando muito trabalho para ser digerido, é bem provável que essa sensação seja transportada para os sonhos.
Isso acontece porque durante o sono REM, mesmo dormindo profundamente, todos os nossos sentidos ainda estão "funcionando". Com isso, qualquer estímulo externo é percebido e adicionado ao sonho ou pesadelo.

A partir de que idade temos pesadelos?

Os sonhos ruins nos acompanham durante toda a vida. Costumam aparecer por volta dos quatro ou cinco anos e serem mais intensos durante a infância por conta da maturação cerebral ainda estar em fase de consolidação.
Na fase adulta, tendem a ser bem menos frequentes, mas acontecem com maior intensidade quando alguma coisa na vida não vai bem: aumento dos níveis de estresse, ansiedade diante de uma situação nova, traumas etc.

E quais são os temas que mais se repetem nos pesadelos?

Uma pesquisa feita pela Universidade de Montreal, no Canadá, a partir da narrativa de cerca de dez mil sonhos, mostrou que a agressão física é o tema mais frequente relatado em pesadelos, citado por 31,5% dos entrevistados. Morte, preocupações com saúde e ameaças são outros temas recorrentes.
De acordo com o estudo, os homens costumam ter mais pesadelos com temas envolvendo desastres e calamidades, como inundações, terremotos e guerra. Já temas que envolvem conflitos interpessoais são duas vezes mais frequentes nos pesadelos das mulheres.
A partir das entrevistas, os pesquisadores concluíram que o medo não é sempre um fator que faz parte dos pesadelos. Segundo os cientistas, o medo é quase nulo nos sonhos ruins e é descrito em apenas um terço dos pesadelos. O que se faz sentir em vez disso é tristeza, confusão, culpa, desgosto etc.

É possível evitar os pesadelos?

Segundo os especialistas, os pesadelos não precisam ser encarados como algo prejudicial a saúde. Quando esporádicos, eles podem até ajudar a resolver algumas questões e superar medos. O problema é quando passam a ser constantes.
No mundo, de 2% a 8% das pessoas dizem ter pesadelos constantes, mais de uma vez por semana e, em alguns casos, mais de um a cada noite de sono. Metade das crianças entre 3 e 6 anos também tem sonhos ruins constantemente.
O tratamento dependerá das causas do excesso de pesadelos. O médico irá investigar se existe alguma anormalidade física ou se a pessoa está passando por muitos problemas que causam situações estressantes.
A partir daí, o tratamento varia desde terapia até medicação para controlar a ansiedade. Em alguns casos, os pacientes podem ser treinados para terem sonhos lúcidos, ou seja, conseguirem ter consciência de que estão sonhando e, ainda, ter a capacidade de mudar os rumos do pesadelo.
Fontes: Luciano Ribeiro, neurologista do Instituto do Sono, e Rosana Cardoso Alves, neurologista especializada em Medicina do Sono do laboratório Fleury.