Uma breve história de amor (ou não)
Por entre as gôndolas do
supermercado ele percebe uma figura familiar. De repente, sente seu corpo
gelar, e seus batimentos cardíacos aumentarem. Por um instante, fica imóvel.
Incapaz de qualquer movimento. Incapaz de qualquer ato, mesmo o mais simples.
Mesmo o mais discreto. Não consegue sair do lugar. Afinal, esta é a primeira
vez que a vê após a separação. “Três meses” - pensa ele – “Três meses e ela
continua linda. Maravilhosa”.
Aos
poucos a sensação desconfortante vai desaparecendo e os seus sentidos
retornando. Então ele começa a segui-la com os olhos. A distancia. “Agora ela
vai pegar o brócolis” – pensa – “Bingo”. “Ela não mudou em nada. Continua a
mesma natureba de sempre”. Sorri. Ainda a conhece muito bem.
Por
entre as gôndolas, analisando cada passo da sua ex companheira ele se lembra
dos tempos em que viveram juntos. E da falta que ela lhe fazia. Ele ainda a
amava. De longe percebeu que pelas quantidades de produtos que ela estava
comprando, ainda estava sozinha. Talvez ainda gostasse dele.
De
repente foi acometido por uma vontade louca de ir até ela e dizer que lhe
amava. Dizer que ela era a mulher da sua vida. “Eu te amo” – pensou – “Te amo
para todo o sempre”.
Ela
se vira para ele, mas finge não vê-lo. Continua a fazer suas compras, agora,
mais devagar. Sente que ele a olha e começa a olhá-lo também discretamente.
Nota quando ele percebe que ela o viu e passa a fazer suas compras.
Por
entre as gôndolas do mercado, ela o observa. Acompanha-o com os olhos. “Nada
mudou” – pensa – “Ele continua o mesmo”. “Os mesmos gostos, os mesmos modos”.
“Será que ele ainda me ama, como eu o amo?”
Pensa
em ir até ele. Perguntar como ele está. Mas
não consegue. Algo a deixa imóvel. Paralisada. O que ela mais quer neste
momento é ir ao seu encontro. Abraçá-lo. Beijá-lo. Dizer que o ama. Dizer que
ele é o homem da sua vida.
Encontram-se
no caixa. Estão lado a lado. Depois de meses de separação, lá estão eles, lado
a lado, pela primeira vez.
Suas vidas novamente se
cruzam. O destino novamente os une.
Olhando um nos olhos do
outro dizem simultaneamente:
- Oi!!!!
E se vão, cada um para o
seu lado. Cada um para o seu caminho.
Marc Souza
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