No dia
28 de outubro comemora-se o dia do funcionário público, no entanto, há muito
tempo estes profissionais não tem o que comemorar.
Apesar
de serem os responsáveis pelos serviços básicos e essenciais do estado para com
a população em geral, os funcionários públicos, além de outras funções, são os
responsáveis diretos, pela saúde, educação e segurança dos cidadãos, estes
profissionais, há muito tempo foram abandonados pela administração pública. A falta
de funcionários e condições de trabalho em algumas secretarias, a falta de
valorização profissional, a falta de um plano de saúde que supra suas
necessidades e os baixos salários são algumas das principais causas de insatisfação
destes servidores. Isso sem contar com a campanha dos governos, municipal,
estadual e federal em propagar que estes são os grandes responsáveis pelo rombo
nas finanças públicas. O que não passa de falácias, pois, o funcionário público
em si, aquele concursado que presta serviços nas repartições, escolas dentre
outros lugares, sequer tem as chaves do cofre da administração e são regidos
por rígidas e severas regras de administração.
Nos últimos
anos houve um acréscimo substancial de ministérios e secretarias, bem como de
cargos políticos e comissionados, estes sim, caros aos cofres públicos. Ministérios,
secretarias e cargos criados unicamente para favorecer apoios políticos e não
para sanar as necessidades básicas do cidadão comum. Cargos pagos pelo erário
público, para profissionais sem qualificação, sem concurso público e o que é
pior, sem qualquer responsabilidade para com a sociedade. Responsabilidade e
obrigação, somente, àqueles que os colocaram lá politicamente, o que favorece,
ou melhor, facilita, a política do toma lá, da cá, promovendo a corrupção e o
aumento das contas públicas através dos desvio de verbas (vide várias operações
da polícia federal que desmascararam inúmeros esquemas de corrupção).
Além
disto, o estado que tanto demoniza os funcionários públicos, mantém em sua
folha de pagamento os ditos agentes políticos, o Presidente da República, os Deputados,
os Senadores, Ministros do Supremo Tribunal Federal, os Governadores,
Prefeitos, Vereadores e os membros do Judiciário com altos salários e mordomias
impensáveis aos funcionários públicos comuns, tais como: Assessores, Carros
Oficiais, Combustíveis, Telefones, Auxílio Moradia, Auxilio Terno dentre outras
coisas. Estes sim oneram o estado de forma substancial.
Apesar
de “todos” realizarem serviços em “prol da sociedade”, pelo menos era para
acontecer isso, há uma diferença gritante entre eles. Desde a forma de trabalho
aos salários recebidos.
A
grande parcela dos servidores (os de carreira, devidamente concursados) que trabalham
junto à comunidade, seja prestando serviços sociais básicos, seja criando novos
cidadãos nas salas de aula das escolas (muitas abandonadas, mal cuidadas, sem
qualquer segurança), ou salvando vidas, e, muitas vezes perdendo-a em prol do
bem da sociedade seja, ainda que mal aparelhado, prendendo bandidos perigosos
nas ruas ou nas piores condições de trabalho possíveis, mantendo estes na
cadeia, são mal remunerados, mal valorizados, e, no entanto, levam a culpa por
todo o rombo orçamentário que esta aí. O que não é verdade.
O serviço
público esta muito aquém do que devia, isto é fato, mas também é fato que
poderia estar muito pior. Só não está devido a estes profissionais que mesmo
tendo as mínimas condições de trabalho, mesmo tendo seus salários baixos e
defasados, pois há vários anos, muitos, sequer recebem a reposição
inflacionária, continuam ali, na labuta, trabalham, se esforçam, dão o sangue
(muitos não só no sentido figurado) em prol do que acreditam, em prol de um
serviço público de qualidade. Em prol do cidadão.
Por
isso, nesta data, comemorar o que?
A
PEC 241 que congela os investimentos públicos nos próximos 20 anos?
Ou o
direito de greve que lhes foi cerceado pelo Supremo Tribunal Federal?
Nesta
data, resta ao funcionário público, sonhar, ou melhor, rezar, para que um dia
eles sejam realmente reconhecidos, pelo governo, como os grandes profissionais
que são. E que todos os cidadãos, vejam neles não só a profissão que exercem,
mas também, que enxerguem neles um ideal.
O
ideal de promover o bem estar social acima de qualquer dificuldade, acima de
qualquer situação.
Marcelo
Otávio de Souza
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