O
ATRASO
Ao olhar no
despertador percebeu que estava terrivelmente atrasado.
“Droga”
- pensou levantando-se rapidamente da cama – “Se eu não for demitido hoje, não
vou nunca mais”.
Em
poucos minutos já estava na rua, quase correndo, procurando chegar no trabalho
o mínimo atrasado possível. Era a terceira vez na semana que chegaria atrasado
ao trabalho, o pior, é que seu chefe fora bem direto da ultima vez: “Da
próxima, rua. Entendeu? Rua!”
Não
via nada à sua frente, somente pensava em qual desculpa daria ao chefe.
“Que
merda de despertador! Que merda!” – pensava. “Agora não tem desculpa, é rua”.
Conforme
andava, mais ansioso ficava. Mais nervoso. Mais desesperado. Não podia perder o
emprego, não agora. Mas tinha que concordar com o chefe, estava muito relaxado
nos últimos dias, mas, não tinha culpa. Sua jornada dupla estava acabando com
ele. Era trabalho e faculdade. Faculdade e trabalho. A correria era grande, e o
tempo curto. Muito curto.
Andava
cansado. Exausto. Ainda mais que estava em semana de prova, o que era pior.
Por
isso, ele quase corria, olhando no relógio de tempos em tempos procurando ao
menos estar errado quanto à hora. Mas, infelizmente, não estava, seu atraso era
real. E a perda do seu emprego... A perda do seu emprego, idem.
Depois
de muito andar começou a perceber algo diferente. De repente deu-se conta que o
movimento estava anormal. A rua, sempre movimentada estava vazia. Não havia
movimentação das pessoas atrasadas para o trabalho, tampouco, de veículos. Na
verdade a rua estava morta, sem movimentação alguma, sem contar que as
primeiras lojas do centro, que àquela hora já deveriam estar abertas ainda
estavam fechadas.
Olhou
novamente no relógio. Uma, duas, três vezes.
“Não
é possível será que meu relógio parou? Acabou a pilha? Não! Não! O ponteiro
está funcionando perfeitamente” - olha os segundos sendo marcados
religiosamente.
Olhou
à sua volta, mas tudo estava tão anormal. Tão parado. Até parecia um...
Foi
aí que percebeu o que realmente estava acontecendo, o problema não era o seu
relógio, ou seu despertador.
Era
domingo.
Então
se sentiu tranqüilo, aliviado. Seu emprego estava garantido. Pelo menos até
segunda feira.
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