WIFI
Estavam
deitados no sofá da sala. Ele no sofá maior e ela no menor. A TV sintonizava um
canal qualquer. Vez o outra olhavam para a TV, mas logo, retornavam ao que
estavam fazendo.
Na
sala de estar, o único som que irrompia o silêncio total, era o som da TV.
Quanto a eles, estavam hipnotizados pela tela dos seus smarthphones. A TV
falava sem ser ouvida. Mostrava algo, que não era visto.
Deitados
no sofá, não trocavam uma palavra sequer. Vez ou outra trocavam olhares.
Estavam lado a lado, tão próximos, mas, ao mesmo tempo, distantes.
Por
vezes esboçavam algumas emoções. Expressões de surpresa. Um sorriso maroto. Às
vezes soltavam uma gargalhada. Mas cada um, em um mundo só seu. Um mundo
particular preso à tela do smarthphone.
E
assim ficavam horas e horas. Dias e dias. A TV ligada. Os corpos jogados no
sofá da sala de estar, até que uma mensagem irrompesse a tela.
“Vamos
nos deitar?” “Já é tarde.”
“Sim,
claro.”
Assim,
ambos levantam-se e vão para o quarto, deixando na sala toda a solidão.
No
quarto, se abraçam e se beijam. No quarto, se amam.
E
após um beijo apaixonado de boa noite, dão mais uma olhada na tela do
smarthphone, colocando-o sobre o criado muito cuidadosamente, como se ele fosse
uma criança, um bebê recém-nascido, esperando, por fim, que ele não “chore” à
noite e acorde todos da casa.
Marc Souza
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